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Como as mudanças no FGTS podem gerar novos empregos

ago 14, 2019 | Geral | 0 Comentários

O governo está tentando mudar o papel do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e com isso gerar efeitos de longo prazo sobre a economia brasileira. As novas regras propostas na semana passada criam o “saque-aniversário”, que permitiria ao trabalhador sacar anualmente parte do saldo do fundo a partir de abril de 2020. Se ele optar pelo saque anual, no entanto, perde o direito de receber todo o valor depositado no fundo caso seja demitido.

A previsão do governo é que haja um crescimento adicional de 0,35 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB) em 12 meses, em grande parte devido ao estímulo de curto prazo dos saques com limite de até 500 reais.

Mas o governo também prevê 2,9 milhões de novos empregos em dez anos com base em uma tese mais ambiciosa: de que as novas regras ajudariam a atacar a alta rotatividade, um problema crônico do mercado de trabalho brasileiro. O número de desligamentos chegou a atingir quase 50% do emprego médio no período 2011 e 2014, de acordo com dados do Caged destacados por um estudo da PUC do Rio de Janeiro.

“Uma das principais formas de acúmulo de capital humano é o learning by doing [aprender fazendo]. Se o funcionário fica pouco na empresa, ele se apropria pouco desse aprendizado e o empresário investe pouco na qualificação”, diz Adolfo Sachsida, secretário de políticas econômicas do Ministério da Economia.

O argumento é que ao servir como uma renda extra para o empregado, o saque-aniversário estimule o funcionário a permanecer por mais tempo no emprego.

“O FGTS é um prêmio que o trabalhador ganha quando é demitido. Se ele ganha um prêmio, tem um incentivo de querer ser mandado embora em algum determinado momento”, explica José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.

De acordo com ele, esse é um dos motivos pelos quais “as empresas brasileiras são uma das que menos investem na qualificação de seus trabalhadores, principalmente dos menos qualificados.”

A alta rotatividade é maior ainda em cenários de pleno emprego, pois quando os trabalhadores sabem que têm mais opções, também têm mais incentivos para deixar o emprego atual.

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